terça-feira, 15 de setembro de 2009

Lá vem a Boca, cheia de dentes línguas, molhadas de saliva e saliva. O que quer dizer a Boca? Está torta e sinuosa e obliqua e reta e redonda. O que quer dizer a Boca? Quer me falar dos sonhos? Quer me falar da raiva? Da vitória que desce na ladeira de grau noventa? Quer me engolir? Me deglutir? Me degustar? Me desfigurar? Me engole Boca, mastigue a carne e me livre dos parasitas parasitórios paranormais. Mastigue meus ossos e me diga o sabor do cálcio. Tem sabor de leite? Tem sabor de osso de galinha? Vem Boca! Vem Boca, mastigue minha alma que é doce de goiabada marmelada caramelo marshmallow, que é limão lima jabuti javali melão melancia. Mastigue minha alma e triture trinta e três trilhões e três trinquatilhões e três gramas, triture os recôncavos de falsa preposição, de muita pretensão, mastigue as pequenas grutas microscópicas do que acredito que (RISADAS RISADAS RISADAS) que que que que sou. VEM BOCA! Não está raivosa? Esse espuma é esperma ou ódio? É esperma ou ódio? É esperma ou ódio? É esperma ou ódio? É lindo ou bonitamente horrendo? Vem. Come corpo, come o que acho que sou como corpo, come o que sou como ser e o que acho que sou como ser, para só então eu, charfundado na bosta, de novo e sempre de novo me procurar nos meus caquinhos por aí. Vem Boca, derrama sua saliva na minha, a sua, incandescente, na minha, pálida que nem índio europeu. Vem Boca, mastiga meus dentes com os seus. Do que ri, Boca? Do meu nariz de palhaço demitido? Do que ri, maldita Boca? Dei-me um bocado de tua boca, Boca. Me de tua risada que preenche o mundo dessa felicidade sem resposta, dessa felicidade sem porque mas que é modelo da SPFW. Ri de mim? De minzinho? Tão pequeninho? Menos do que o menor dos teus quase noventa caninos. Ri logo de mim, Boca? Logo de eu que sei de tua existência? O certo é ficar cego? Me lambe Boca, não como cachorro, mas como amante. Me lambe com teu sexo, me banha com teu sexo e me transforma-me a mim-me me-mim em sexo carne e puro, vermelho e puro. FALA BOCA! FALA! Diz. Está pulsante? Ensanguentada? Esporrada? De angustia semelhante àqueles que carregam na testa o chifre do bode? Vem, Boca, diz o que tanto precisa dizer e o que tanto preciso ouvir. Vai. Vai! VAI! VAI! VAAAAAAAAAAAAAAAAAI! Diga. Por favor, please, please, peace, please, porfavore. Não me responde com seu silêncio. Não, com ele não. Com ele não! Não Boca! Silêncio. Silêncio. Esse silêncio que existe somente quando não se fala consigo, silêncio este signo da tal morte, da tal dúvida. Não me responda com este silêncio que engole as certezas do mundo. Tenha piedade, Boca. Porque, Boca, me açoita com seu chicote mais violento? Aquele cheio dos espinhos espinhudos. Donde vem tanta fúria? Da goela? Da garganta? Do cu? De onde vem tanto desafetuosidade se és só boca e não tem nem sexo. Desculpe, desculpe, desculpe. Sou eu o sem sexo, não tu. Ah, Boca, diz. Vamos, diga! Diz quando vou deitar minha cabeça no travesseiro de plumas chamuscadas. Diga ou me devora por completo, se não fazes deixas que eu mesmo me como. Tu ou eu? QUE SILÊNCIO É ESTE? Que silêncio é este, santo? Vem de que anus? Vem da boca muda de Deus ou da do Diabo? Ou vem da boca muda do primogênito de Deus com o Diabo? Porque é isso que somos. És tu boca o orifício divinodiabólico pelo qual saem as coisas que devem entrar? És tu Boca um relógio maçante, uma solidão retumbante? És tu Boca que prende na língua anfíbia a noção da liberdade, do true love? És tu Boca a própria boca de minha boca bocuda bocarra boca oca louca pouca? És tua garganta a caverna onde fica escondida a voz das respostas? És tu o cantor embaralhado da minha angústia? És? És tu? Fala Boca, ou me coma por completo, ou me coma por... gluft!

domingo, 13 de setembro de 2009

O Roacutam não me deixa mais escrever.

domingo, 6 de setembro de 2009


Augusta

Angustiada angústia
Angustia o ser
Augusta angustiada
Não pode assim viver.

Augusta angustiada
Não se dá tempo
De angústia sufocada
Vê angústia até no vento.

Angústia envenenada
Mata Augusta angustiada
Dentro de si trancada.

Augusta angústia
Vê no simples ser
Toda angústia de viver.