sábado, 9 de outubro de 2010

Quanto te vi, uma árvore de frutos podres cresceu em mim. Os galhos perfuraram minhas costelas e atravessaram a pele, o sangue se esparramou pela minha barriga e alcançou os dedos dos pés. Um pequeno reluzente vermelho lago formou-se ao meu redor, onde moravam um tubarão (que comeu meu menor dedo do pé esquerdo) e um tenso jovem indefeso peixe de duas cores. Eu não me importava. O sofrimento era a minha opção enquanto o amor não dormia. Então as raízes se entrelaçaram em minhas veias e as esmagaram como cobras católicas carinhosas calculistas calcificadas. Já não podia respirar graças aos dois galhos secos que arrombavam minhas narinas, que já estavam grandes como brancas bolas de golfe. Embora tudo fosse vermelho, o que eu enxergava era de um azul infantil, porque era isso que eu era. A dor era o melhor caminho para paz. E eu só pensava que precisava honrar aquele sentimento que fora inventado por minha criança. Quando começou a nevar a árvore já não cabia em mim e, de repente, a árvore era eu. Era eu! A árvore mais triste já plantada.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Escrevi um roteiro faz muito tempo, chamado "Amarillas", ele foi escrito para a Carolinie, o Rael Barja e o Humberto Carrão. Deixei a idéia de lado. Muito tempo depois o Guga, namorado da Carol, falou que nós tinhamos que montar aquele texto. Ok. Eu falei que eles deviam fazer o que quisessem. A Carol readaptou ele, tirando várias coisas... uma das partes tiradas foi uma onde Bella, a personagem da Carol, lia um texto de um amigo desgostoso. Esse:

“O que fazer quando os olhos desejam chorar as arregaçantes dores do mundo? As lágrimas, então, dilacerariam também a pupila, a retina, a cor e o brilho? E aí vem a boca. Grande, cheia de dentes e medo. O que quer dizer? O que fazer quando ela deseja despejar seus gritos guturais e selvagens, gritos que gritem a dor daqueles que são os quase defuntos que possuem suas quase vidas calcadas na desilusão? O que fazer quando a boca quiser vomitar o nojento que corre dentro do próprio nojo? E quando os ombros não suportarem o peso elefantinóide de toda a mediocridade que roda na ciranda? O negro da vida às vezes - e só às vezes - faz sombra no que é perfume. A sorte é a disposição humana de ver com olhos doces e lubrificados de esperança. A existência é bela justamente porque existe, mesmo que seja qualquer beleza a maquiagem profunda da angústia da existência, que torna suave sua epiderme inconstante e seborréica. Ai, ai. O que fazer quando os olhos desejam chorar as arregaçantes dores do mundo?”

Tinha me esquecido que esse texto existia e que eu gostava dele. E que eu gosto dele, principalmente porque me lembra um jeito que eu escrevia e que eu perdi... enfim...

PS: Pelo o que tô vendo, esse texto vai ser filmado! Assim espero!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Bom, a primeira fase já foi! Agora vamos passar para próxima: a escolha do MELHOR roteiro para ser filmado. Os três melhores roteiros escolhidos pelo júri: Júlia Bernat, Marcella Rica, Carolinie Figueiredo, Humberto Carrão e eu, Johnny Massaro, são:

@ellarafaella: Levou mais um copo à boca. O vício o fez perder muitos momentos. Mas viu que outros também apenas bebiam a vida e não viviam.

@sarinhaps: Menina triste. Óculos. Vê td em preto e branco c/ formas distorcidas, encontra menino q tira seus óculos:cores,luz,sorriso.Vida.

@manuhportes: Uma pessoa andando na rua e em seu pensamento se ouve a pergunta: e se não fosse assim? e se o futuro fosse outro? o q seria?

Escolha o seu preferido e mande pelo Twitter (@joaojorge_) o nome do autor escolhido!

Mais uma vez quero agradecer todo mundo que enviou um roteiro e/ou votou e parabenizar muito os três vencedores!

Beijos,
Johnny.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Bom, eu tenho quase 22.000 followers no Twitter porque faço Malhação, e já faz um tempo que eu venho pensando que isso pode e deve ter uma utilidade. Não quero que meu Twitter seja apenas mais um objeto de vaidade. Então, foi pensando em como poderia usar isso de forma produtiva que nasceu a idéia de “Fragmento 95+1” (nome sugerido por @jehfigueiredo).

“Fragmento 95+1” é um projeto que visa se utilizar ao máximo da interatividade e da rapidez fornecidas pela Internet.

O projeto consiste no seguinte: através do Twitter as pessoas são convidadas a enviar mini-roteiros de até 140 caracteres, depois através de um “júri” os três melhores serão escolhidos para que o melhor seja eleito por votação também pelo Twitter.

A segunda fase é onde o roteiro começa a tomar vida. Eu e uma pequena equipe vamos começar a pensar e a construir ele, mais uma vez se utilizado ao máximo da interatividade para ajudar nas escolhas. O roteiro vai ser filmado seguindo algumas regras do Dogma 95 (http://pt.wikipedia.org/wiki/Dogma_95) como por exemplo: câmera na mão, filmagens em locações, filme em cores, nenhuma iluminação especial, nenhum truque fotográfico ou filtro, etc. O filme vai ser filmado em câmera digital, deve ter no máximo cinco minutos e será colocado no Youtube.

É isso, mandem suas idéias e boa sorte!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

CENA 7 - INT / APARTAMENTO / SALA / NOITE

EVA, BERNARDO E FREDERICO na sala. EVA escreve algo, BERNARDO e FREDERICO tentam construir um CASTELOS DE CARTAS.

EVA
Em que mês a gente tá?

BERNARDO
Janeiro.

FREDERICO
Não. Outubro.

BERNARDO
Tem certeza?

FREDERICO
Faz muito tempo desde o último Ano Novo, a gente ia saber se fosse janeiro.

EVA
A gente pode ter esquecido de comemorar o Ano Novo.

SILÊNCIO.

EVA
Mas tudo bem, a gente comemorou outras coisas.

FREDERICO
É.

BERNARDO
Tanto faz... O Ano Novo é uma invenção burguesa...

SILÊNCIO.

EVA
Bom, feliz Ano Novo, meninos.

FREDERICO
Feliz Ano Novo.

BERNARDO
O tempo tá passando rápido demais...

EVA
Mas a gente tá cada vez mais bonito.

BERNARDO
É.

FREDERICO
É.

BERNARDO
Se bem que às vezes parece que o tempo não passa...

EVA
É.

O CASTELO DE CARTAS cai.

BERNARDO
Feliz Ano Novo.

Corta para:

quinta-feira, 24 de junho de 2010

"Máscaras" é a minha primeira experiência solo em roteiro e direção de Cinema. "Máscaras" é um documentário-ficção sobre Teatro, produzido na Disciplina "Prática e Teoria Documental" do Curso de Cinema da Universidade Estácio de Sá. O filme conta com entrevistas de Ana Abbott, Alice Borges, André Dale, Angela Dip, Ana Kfouri, Daniel Boaventura, Daniel Herz, Georgiana Góes, Isaac Bernat, João Fonseca, Júlia Bernat e Soraya Ravenle, alem da atuação da atriz Carolinie, interpretando seis personagem diferentes.


OS LINKS SÃO:

PARTE 1: http://www.youtube.com/watch?v=R0N4QO4pg3E

PARTE 2: http://www.youtube.com/watch?v=Dim05Ep7naw










Georgiana Góes

Alice Borges


Ficha Técnica:

Atriz: Carolinie
Roteiro e Direção: Johnny Massaro
Diretor de Fotografia e Operador de Câmera: Gabriel Coelho
Assistente de Direção: Érika Palmer e Wanessa Alves
Diretor de Produção: Leonardo Papa
Montagem: Marco Vieira
Som Direto: César Carrapito
Figurino e Maquiagem: Érika Palmer e Wanessa Alves
Contra-Regra: César Carrapito e Leonardo Papa
Still: Érika Palmer

sábado, 6 de março de 2010

Cena do documentário "Máscaras". Atriz - Carolinie.

CENA 4 / INT / TEATRO

ATRIZ está sentada no proscênio lendo um texto.

ATRIZ – “Peço-lhe que tente ter amor pelas próprias perguntas, como quartos fechados e como livros escritos em uma língua estrangeira. Não investigue agora as respostas que não lhe podem ser dadas, porque não poderia vivê-las. É disto que se trata, viver tudo. Viva agora as perguntas. Talvez passe, gradativamente, em um belo dia, sem perceber, a viver as respostas. Talvez...”

Da coxia ouve-se um “Shi!!!”, a ATRIZ vira-se e não vê ninguém, volta a ler.

ATRIZ – “Também a arte é apenas um modo de viver, e é...”

A mesma ATRIZ aparece pela coxia, meio receosa, e mais uma vez pede silêncio, dessa vez ela possui um chapéu coco e um pano sobre os ombros. Essa é sua parte mais medrosa.

ATRIZ 3 – Silêncio!

ATRIZ – Por que?

ATRIZ 3 – Não tem medo de falar?

ATRIZ – Não. Mas se quiser posso me calar.

Silêncio.

ATRIZ 3 – Fala alguma coisa! Não tem medo do silêncio?

ATRIZ – Tenho.

ATRIZ 3 – Eu também. O silêncio é realmente apavorador, mas pra nossa sorte ele nunca é
plenamente experimentado. Não nesse mundo. (T) Você tem curiosidade?

ATRIZ – Sobre o que?

ATRIZ 3 – Sobre tudo.

ATRIZ – Tenho.

ATRIZ 3 – E não tem medo disso?

ATRIZ – Tenho.

ATRIZ 3 – Eu também.

ATRIZ – Porque não senta aqui? Do meu lado?

ATRIZ 3 – Tenho medo de não conseguir me levantar depois.

ATRIZ – Faz sentido.

ATRIZ 3 – Tenho medo de você também.

ATRIZ – De mim?

ATRIZ 3 – Sim. Principalmente nos últimos tempos, você tem andado realmente assustadora.
Sorte minha que a conheço bem, caso contrário nem estaria conversando com você e então você teria que enfrentar sozinha o pavor da solidão.

ATRIZ – (p/ si) Pelo o que eu to vendo, seria um prazer experimentar um pouco de solidão hoje.
ATRIZ 3 – De tudo, a solidão é o que mais me assusta. E olha que tenho medo de muitas, muitas coisas.

ATRIZ – Ultimamente a solidão tem sido o melhor lugar para se sentar e ficar, por horas.

ATRIZ 3 – Por isso que você está assim, triste. A felicidade é a solidão compartilhada. Eu seria feliz se não tivesse medo da felicidade, da solidão e de compartilhamentos. (ela olha pro palco) Esse teatro vazio, toda essa poeira e esse ecoar eterno de aplausos que já morreram... isso assusta! O teatro é um belo monstro.

ATRIZ – É... um belo monstro...